sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Prólogo do meu primeiro livro.

Prólogo: Carta inicial do personagem principal


“Fazes o que tu queres a de ser tudo da lei. Lei é amor, amor sob vontade.” Aleister Crowley


É com um imenso pesar, e por ordens superiores, que eu escrevo esta carta, juntamente com a minha biografia. Este não é um livro pós-mortum, isto é, ainda estou em terra, vivo, mas estou à beira da morte, já em leito e bastante debilitado. Sobre as ordens superiores, na verdade, elas não são, exatamente, ordens e sim um pedido amigável das entidades, que trabalham comigo, para que eu deixasse por escrito todas as minhas experiencias. Esta, na realidade, fora a minha última encarnação, ou seja, a minha última chance, em vida e com essa matéria corporal, de uma reconciliação com um grupo de pessoas com as quais eu fui bastante injusto e um algoz mais feroz ainda. Oportunidade para resolver isso não me faltaram, pois, as tive, _ e falhei_, muitas vezes e em muitas outras encarnações. Agora, me resta apenas aceitar o meu destino com muita resiliência, já que, tudo o que está acontecendo foi me explicado com bastante amor e carinho. Verão isso no decorrer da minha história. Bem, a verdade é essa: as cartas foram colocadas sob a mesa; o meu destino de réprobo já está escrito pelas diversas consequências, espirituais e físicas, dos meus atos contrários à minha missão reencarnatória. Ora, como já dizia o maior médium que já veio a terra, Jesus, tudo que se planta colhe. Chegou, então, o tempo de minha colheita. Mas vou em paz...



Bem, antes de começar o texto em si, eu já posso lhe dizer: “Cuidado! É muito perigoso o saber!” E devo acrescentar, “Ele pode matá-lo ou deixá-lo doente demais”. Parece que estou me dispondo de uma hipérbole da qual todo poeta se acha no direito de usar a fim de fazer o texto ficar mais conceitual, porém, neste caso eu não estou fazendo qualquer referência as artimanhas literárias, das quais pouco me importo em reutilizar. Digo isto, porque realmente pode levá-lo a loucura ou ao suicídio. E eu não sei qual dos dois é o pior. Eu fui devasso. Fui machucado pela vida e antes de morrer deixo, como disse anteriormente, somente este legado para que todos saibam quem eu fui: um grande imbecil. Eu deveria ter mantido a sanidade mental.



Desculpe-me se fui muito incisivo e bastante incoerente até agora! Estou morrendo, portanto, posso estar assim: dividido entre a vida e a morte, contente e triste, tudo ao mesmo tempo, pois, como disse, tornei-me um velho chato e rabugento, na realidade, um bruxo velho e rabugento. Estou partindo para o outro lado com várias frustrações, das quais eu mesmo criei e terei que lidar sozinho. O tal do auto perdão será o trabalho mais dificil, porém muito necessário. Nesta vida eu trabalhei demais por dinheiro do qual não valia apena; eu já me escondi na escuridão da madrugada em lugares que nunca pensariam em me procurar e eu não sabia _ ou não me importava, por muitas vezes,_ em procurar a saída; já me trancafiei em casa por vários dias por milhões de motivos; já pensei demais; já li muito e escrevi pouco; já estudei por horas a fio assuntos indigestos para desenhar ou pintar um quadro e receber biscoitos de pessoas, das quais não me importava muito, pois queria apenas os seus contatos para vender minha arte. Tudo isso está em minha mente neste exato momento da escrita. Mas, devo continuar com a cabeça erguida, pronto para outra batalha, pronto para matar o próximo leão. Também porque Seu Zé Pelintra me olha com uma expressão séria lembrando-me de que não tenho tempo a perder. Vamos, então, para a minha biografia.

Assinado: Melvins Bürgen de Gama.